A ferritina é uma proteína produzida pelo fígado e tem como principal função estocar o ferro no nosso organismo.
O ferro apresenta inúmeras funções no nosso corpo, dentre as quais se destaca a formação das nossas hemácias (os glóbulos vermelhos). É por isso que a deficiência de ferro pode causas anemia, pois a formação dos glóbulos vermelhos fica comprometida.
Quando a ferritina está abaixo de 30 ng/mL dizemos que há deficiência de ferro. O paciente pode não apresentar anemia ainda, porém é uma questão de tempo até que ela se instale.
Por ser um elemento nobre, o nosso corpo reaproveita o ferro quando os glóbulos vermelhos “velhos” são reciclados. A perda de ferro no nosso organismo ocorre basicamente quando há perda de sangue.
Uma minoria dos pacientes apresenta deficiência de ferro por má absorção ou por ingesta insuficiente. As crianças podem apresentar deficiência de ferro por carência alimentar uma vez que estão em fase de crescimento e a demanda por ferro é maior nesta fase. Pessoas que foram submetidas a cirurgias bariátricas ou retirada de parte do estômago por algum outro motivo (como câncer, por exemplo), também podem ter deficiência de ferro por má absorção. Indivíduos com doença celíaca também absorvem mal este elemento e podem apresentar a deficiência.
No entanto, a principal causa em adultos é sangramento crônico. Mulheres em idade fértil costumam ter como causa principal o sangramento ginecológico (por hiperfluxo menstrual ou sangramento uterino anormal). Já em mulheres pós menopausa e em homens, a principal causa é o sangramento oculto no tubo digestivo. Por esta razão, quando há deficiência de ferro, muitos pacientes são encaminhados para realizar endoscopia e colonoscopia. São inúmeras as possibilidades de lesões no tubo digestivo que podem levar a sangramento crônico, desde causas benignas (como úlceras e angiodisplasias, por exemplo) até causas mais graves, como câncer de intestino.
A não percepção de sangue nas fezes não exclui que haja sangramento no tubo digestivo. Quando o sangramento ocorre em porções mais altas do tubo digestivo, o sangue sai nas fezes “digerido” e perde seu aspecto habitual, dificultando a sua percepção. A “pesquisa de sangue oculto” nas fezes é um exame laboratorial que muitas vezes é solicitado em pacientes com anemia. É importante compreender que o resultado negativo não exclui que haja lesão no tubo digestivo, apenas indica que não houve sangramento no momento daquela coleta.
A anemia por deficiência de ferro (também conhecida como anemia ferropriva) deve ser encarada como um sinal de alerta de que algo está acontecendo.
O tratamento deste tipo específico de anemia engloba duas etapas: 1) reposição adequada de ferro e 2) buscar e tratar o foco de sangramento crônico causador da deficiência.
É por isso que alguns pacientes inicialmente melhoram os níveis de ferritina e resolvem a anemia, porém após um período voltam a apresentar a deficiência. Façamos uma analogia com uma pia para entendermos melhor essa dinâmica. Imaginemos que a pia aberta representa o ferro que estou repondo e o ralo aberto represente o foco de sangramento crônico e perda de ferro. Para enchermos essa pia, não adianta a torneira estar aberta se o ralo também estiver aberto, certo? O ralo aberto leva a perda de todo o conteúdo fornecido. Funciona mais ou menos assim também com os nossos estoques de ferro. Achar e tratar o foco de sangramento é como “fechar o ralo” e deixar que o estoque encha novamente.
A reposição de ferro pode ser feita por via oral ou por via intravenosa. A decisão da melhor forma de reposição é feita pelo médico, que leva em consideração tanto a gravidade da anemia como a sua causa.


Se a sua ferritina está baixa, procure o seu médico para que ele faça a reposição adequada e investigue o motivo da sua deficiência.